quinta-feira, 17 de junho de 2021

Aprenda a fazer cerveja artesanal em casa ou o passo a passo fácil de seguir- Parte 4

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Fabricação da primeira cerveja – do mosto à fermentação

Finalmente estamos chegando ao ponto de colocar a mão na massa, ou melhor a mão na cerveja.

Finalmente vamos os primeiros passos práticos da criação de uma cerveja artesanal.

Toda cerveja é fabricada a partir de uma receita.

Semelhante a uma receita culinária, a receita de cerveja relaciona as matérias-primas a serem usadas, basicamente água, malte, lúpulo, glicose de milho, as quantidades de cada matéria-prima a serem usadas e os tempos de processamento dos mesmos por você cervejeiro.

Vamos dar duas receitas simples de cerveja, as quais serão usadas para você aprender a fazer suas primeiras cervejas artesanais.

Escolha uma delas, e compre as matérias-primas para sua produção.(lembre-se a nossa escala de produção será de 3,5 a 4,5 litros de cerveja, e estas receitas estão adaptadas para esta escala)

Receita número 1 


Ingredientes

Quantidade

Malte Pilsen

1 Kg

Malte Cristal

100 Gramas

Lúpulo Cascade

4,0 Gramas

Lúpulo Saaz

3,0 Gramas

Fermento US-05 ou Craft Series M44

3,0 Gramas

Água mineral

7,5 Litros

Receita Número 2 


Ingredientes

Quantidade

Malte Pilsen

800 Gramas

Malte Trigo

300 Gramas

Lúpulo Halentauer

6,0 Gramas

Fermento US-05 ou Craft Series M44

3,0 Gramas

Água mineral

7,5 Litros

Observação – as matérias-primas para a produção de cerveja são em grande parte importadas, notadamente o lúpulo e o fermento, então tendo em vista problemas na importação, as marcas e tipos de lúpulo e fermento vivem “sumindo” e “reaparecendo” no mercado de tempos em tempos.

Então não estranhe se não conseguir achar uma marca ou tipo de malte, lúpulo ou fermento, se isto acontecer, dê uma pesquisada e analise outras marcas ou tipos de ingredientes similares.

Nestes casos tempos a parte ruim, que é de termos que dar uma “mexida na nossa receita”, mas também tem a parte boa, de acabarmos criando uma “nova receita” que de repente pode ainda vir a ser melhor que a nossa receita original.

Dica – nas lojas ou sites especialidades na venda de produtos para a fabricação de cervejas, é comum serem vendidos “Kits” prontos para a fabricação de cervejas artesanais.

Este kit, é um conjunto específico de malte(s), lúpulo(s) e fermento, para a fabricação de uma determinada quantidade (em litros de cerveja).

Muitos destes kits são para a fabricação de 20 litros de cerveja ou mais, neste caso como a nossa escala de produção é melhor, basta dividir os produtos do Kit, de forma a ajustá-la a nossa escala de produção.

Por exemplo nossa escala de produção é de 4,5 litros, então se o Kit for para a produção de 20 litros, se dividirmos as quantidades do kit por 4, podemos utilizar estas quantidades para criarmos a receita de nosso lote de cerveja.

Neste caso, os produtos para a fabricação que vem no kit, serviriam para você fazer 4 lotes de cerveja artesanal.

Se para a criação de cerveja artesanal, é preciso uma receita, você deve estar se perguntando onde vou conseguir mais receitas de cervejas.

Existem muitos sites e vários livros onde estas receitas podem ser obtidas.

Vamos relacionar alguns endereços eletrônicos, onde receitas vão ser disponibilizadas, mas existem três questões que você vai precisar resolver, para poder se utilizar destas receitas -

A primeira questão é que muitos destes sites são em língua inglesa, então você precisará traduzir o material para o português (hoje isto é mais fácil pois poderá usar o tradutor de línguas do Google).

A segunda questão é as receitas destes sites estrangeiros, usam produtos que eventualmente você não vá encontrar no nosso mercado. Neste caso, quando você tiver um pouco de experiência, poderá procurar por matérias-primas (malte, lúpulo ou fermento) equivalentes que sejam vendidos no mercado nacional.

A terceira questão é a escala de produção da receita, que você sempre precisará ajustar à nossa escala de produção.

Para ajustar uma determinada receita para sua escala de produção, neste caso redimensione o uso das matérias primas da receita original (malte, lúpulo e fermento), de forma proporcional a relação entre a escala de produção da receita original e a sua escala de produção.

Exemplificando, se a receita original é feita para a produção de 50 litros de cerveja, e a nossa escala de produção é de 4,5 litros, vamos achar o fator de divisão das matérias-primas (FDMP), dividindo a quantidade de cerveja da receita original, pela quantidade de cerveja que você vai produzir.

Ou seja a fórmula do fator divisão das matérias-primas (FDMP) é igual a -

Tamanho da produção em litros da receita original / tamanho da sua produção em litros

No nosso exemplo fator de divisão das matérias-primas (FDMP) seria obtido dividindo 50 (litros) por 4,5 (litros) = 11,11.

Para adaptar a receita original, basta agora dividir cada matéria-prima da receita original pelo fator de divisão das matérias-primas (FDMP) previamente obtido.

No quadro abaixo mostramos um exemplo hipotético de uma receita para a produção de 50 litros de cerveja, adaptada para uma produção de apenas 5 litros de cerveja.

Fator de divisão das matérias-primas (FDMP) seria obtido dividindo 50 (litros) por 5 (litros) = 10.


Quantidade de insumos da receita para a produção de 50 litros de cerveja

Quantidade de insumos para a produção de 5 litros de cerveja

Malte 11 quilos

11/ 10 = 1,1 quilos

Lúpulo 75 gramas

75/10 = 7,5 gramas

Fermento 60 gramas

60/10 = 6,0 gramas

Água 55 litros

55/10 = 5,5 litros

Observação – Preste atenção que vários países usam sistema métrico diferente do nosso, ao invés de litros, podem trabalhar com galões e ao invés quilos podem trabalhar com libras.

Caso você vá trabalhar com uma receita nestas condições não se esqueça de converter as quantidades para o nosso sistema métrico.

Dica – Na prática existem inúmeras receitas de cerveja, várias usando muitas matérias-primas além das básicas que estamos usando em nossas duas receitas exemplo.

Para você que está iniciando, observe que:

O básico que você realmente precisa para criar sua cerveja artesanal de boa qualidade, se restringe ao uso de um malte, um ou dois tipos de lúpulo e um fermento, além da água evidentemente.

Nada mais é preciso do que isto.

Receitas de cervejas mais elaboradas, podem no entanto misturar vários tipos de maltes, vários lúpulos, além de outros ingredientes saborizadores ou flavorizadores diversos, esqueça isto por enquanto, pois nada disto é necessário para se fazer uma boa cerveja artesanal.

O conselho que lhe damos é que, você mesmo vá criando as suas próprias receitas, partindo de uma receita básica, como qualquer uma das duas que apresentamos anteriormente.

Criar novas receitas é um trabalho de tentativas e erros, de experiências novas, de adaptação de uma receita já existente para ficar mais do “seu gosto”, do seu “jeito”.

Pegue então esta receita inicial e vá experimentando mudar apenas 1 ingrediente da receita, por exemplo o malte, e substitua por outro tipo e malte, a título de sugestão mude o malte Pilsen da receita 1 por um malte Pale, faça um lote de cerveja com esta alteração e avalie então a nova cerveja.

Ela no seu entender ficou melhor que a cerveja da receita original (se ficou, ótimo você já tem mais uma receita de cerveja para fazer).

Se não gostou, fique com a receita original.

Outra opção, pegue a receita 1 e mude o lúpulo, ao invés de usar 2 lúpulos (como está na receita original), substitua por um único lúpulo, por exemplo use apenas 7 gramas de Saaz.

Faça um lote de cerveja com esta alteração e avalie a nova cerveja.

Ela no seu entender ficou melhor que a cerveja da receita original (se ficou, ótimo você já tem mais uma receita de cerveja para fazer).

Observe, este processo de “criação” de novas receitas é muito desafiador, divertido e criativo.

Com o tempo levará você a criar a “sua cerveja artesanal”, única e inigualável, orgulho de servir para familiares e amigos.


Criando a sua primeira cerveja

Primeira etapa (criação do mosto)

Iniciaremos a produção de cerveja artesanal usando a nossa primeira receita.


Ingredientes

Quantidade

Malte Pilsen

1 Kg

Malte Cristal

100 Gramas

Lúpulo Cascade

4,0 Gramas

Lúpulo Saaz

3,0 Gramas

Fermento US-05 ou Craft Series M44

3,0 Gramas

Água mineral

7,5 Litros


A primeira coisa a fazer é pegar a balança eletrônica, separar e pesar as quantidades de malte a serem usadas na receita acima.

Os maltes a serem usados na preparação o mosto (a primeira etapa da produção da cerveja artesanal), precisarão estar triturados.

Supondo que você adquiriu os maltes na forma de grãos inteiros, você precisará triturá-los, usando o moinho moedor de cereais. (caso você tenha comprado os maltes, já adequadamente moídos esta etapa de trituração dos grãos não será necessária evidentemente)

Importante – os grãos devem ser moídos de forma “grosseira”, ou seja devem ser levemente triturados, mas nunca devem ser moídos a ponto de pó ou farinha.

Preste atenção, na figura 1 podemos ver os grãos de malte “triturados” de forma adequada.

Figura 1

A seguir monte o fogão elétrico, colocando nele o caldeirão com torneira.

Deixe separados e devidamente sanitizados, o balde fermentador, a pá ou colher cervejeira, o termômetro cervejeiro, o jarro medidor, o airlock.

Importante: antes certifique-se de ter instalado a Bazooka no caldeirão com torneira, vide figura 2, a Bazooka deve ser rosqueada, na parte interior da torneira instalada no caldeirão.

Figura 2

Caso ao invés da Bazooka, você tenha optado por usar um filtro de fundo, coloque o filtro de fundo no interior do caldeirão com torneira (deixando os pés do filtro de fundo apoiados no fundo do caldeirão).

Coloque 7 litros de água mineral no caldeirão com torneira, ligue o fogão elétrico na sua potencia máxima, e de tempos em tempos, coloque o termômetro cervejeiro dentro do caldeirão cervejeiro e monitore a temperatura da água, até que a mesma atinja os 60 º graus centígrados, vide figura 3.

Figura 3

Uma vez que a água tenha atingida a temperatura de 60º graus centígrados, despeje lentamente os grãos de malte previamente triturados, dentro do caldeirão com torneira.

Pegue o sua colher/pá de cervejeiro e comece a misturar os grãos à agua.

Monitore de tempos em tempos a temperatura da mistura (mantenha a temperatura da mesma entre 60º a 70º graus centigrados).

Mexa a mistura constantemente para que o malte se mantenha em movimento e não deposite no fundo do caldeirão com torneira.

Durante 1 hora, continue mexendo a mistura de malte e água. Monitore de tempos em tempos a temperatura da mistura com o seu termômetro cervejeiro    ( Vide figura 4)

Figura 4

Mantenha a temperatura da mistura entre 60º a 70º graus centigrados (para tanto se for necessário, diminua ou aumente a potência do seu fogão elétrico, normalmente existe um botão de ajuste de potencia 60º a 70º graus centigrados), vide figura 5.

Figura 5

O objetivo desta etapa do processo de fabricação da cerveja artesanal é o de, com o cozimento da mistura extrair do malte os açucares, os quais ao final de 1 hora estarão concentrados na parte líquida da mistura, formando um caldo adocicado (chamado de mosto)

Passada esta 1 hora, desligue o fogão.

Retire o caldeirão com torneira do fogão e o coloque em um lugar alto o suficiente, onde você possa ter espaço para colocar debaixo do caldeirão com torneira o outro caldeirão sem torneira (isto é necessário pois adiante, vamos escorrer o conteúdo do caldeirão com torneira para o caldeirão sem torneira, e deixe a mistura (agora chamada de mosto), descansar por cerca de 10 a 13 minutos. (com isto o malte “triturado” vai se assentar no fundo do caldeirão e em volta da bazooka.

Vamos agora a segunda etapa do processo, cuja finalidade é assentar o malte utilizado na fabricação do mosto, de forma a que ele funcione como um “filtro”.

Este “filtro”, servirá para que, aos escoarmos o mosto do caldeirão atraves da torneira, o mosto contenha um mínimo de partículas em suspensão.(pois o mosto será na realidade a base de nossa cerveja e quanto menos partículas em suspensão, mais transparente e clara será nossa futura cerveja).

Após o descanso de 10 a 13 minutos, coloca-se a jarra medidora debaixo da torneira, abra então a torneira bem devagar e somente um pouco, apenas o suficiente para o mosto começar a sair e se transfira para a jarra medidora, vide figura 6.

Figura 6

Espere o mosto escorrer até preencher uns 90 % da jarra medidora, feche a torneira.

Da primeira vez que isto ocorrer, repare que no fundo da jarra medidora, deverá existir uma certa quantidade de “borra, um resíduo” que consiste de resíduos do malte triturado usado na preparação do mosto.

Figura 7

Retorne agora vagarosamente o mosto que está na jarra medidora para dentro, do caldeirão com torneira, porém evite transferir a “borra, um resíduo” que está no fundo da jarra medidora.

Faça isto com cuidado, jogue fora a “borra, um resíduo”, que deve estar assentado no fundo da jarra medidora.

A seguir vamos repetir novamente a operação acima, coloque novamente a jarra medidora debaixo da torneira, abra então a torneira bem devagar e somente um pouco, apenas o suficiente para o mosto começar a sair e se transfira para a jarra medidora.

Espere o mosto escorrer até preencher uns 90 % da jarra medidora, feche a torneira.

Importante – se você estiver fazendo o processo corretamente, a quantidade de “borra, um resíduo” que consiste de resíduos do malte triturado usado na preparação do mosto, que está aparecendo no fundo da jarra medidora, deve ser menor que a quantidade que apareceu da primeira vez que você fez esta operação de transferência do mosto para a jarra medidora.

Com isto indicando que está sendo formado um “filtro” no fundo do caldeirão com torneira e em volta da bazooka.(isto é exatamente o que queremos).

Retorne agora novamente de forma vagarosa o mosto que está na jarra medidora para dentro, do caldeirão com torneira, porém evite transferir a “borra, um resíduo” que está no fundo da jarra medidora.

Faça isto com cuidado, e jogue fora a “borra, um resíduo”, que deve estar assentado no fundo da jarra medidora.

Repita a operação acima de transferência do mosto para a jarra medidora e seu retorno ao caldeirão por umas sete vezes.

Se você tiver feito as operações de transferência com sucesso, ao final praticamente não aparecerá mais a “borra, um resíduo” no fundo da jarra medidora.

Na figura 8, podemos ver o processo de retorno do mosto da jarra medidora para o caldeirão com torneira, repare que até usamos uma escumadeira, para “quebrar” o impacto do mosto retornado, evitando agitar a mistura no caldeirão com torneira.

Figura 8

Seguimos então para a próxima etapa do processo, que consiste em transferir provisoriamente, todo conteúdo do caldeirão com torneira, para um caldeirão sem torneira.

Para tanto, coloque o caldeirão sem torneira debaixo da torneira do caldeirão com torneira, abra um pouco e vagarosamente a torneira, o mosto deverá se transferir para o caldeirão sem torneira.

Lembre-se na etapa anterior, criamos um “filtro no fundo do caldeirão com torneira”, então você pode abrir a torneira apenas o suficiente, para que o mosto seja transferido e “filtrado” (não abra toda a torneira, abra apenas o para que a vazão ocorra, e que o mosto esteja livre de “borra, um resíduo” do malte utilizado na preparação do mosto), vide figura 9

Figura 9

Quando todo o mosto tiver sido transferido, no fundo do caldeirão com torneira, deverá estar acumulado todo o malte triturado usado no processo.

Com cuidado, você poderá agora espalhar vagarosamente o meio litro de água mineral que sobrou (lembre-se dos 7,5 litros usamos apenas 7 litros), sobre toda a superfície do malte que está no fundo do caldeirão com torneira, e conseguir assim mais um pouco de mosto, a ser transferido para o caldeirão sem torneira.

Terminada esta operação, separe o caldeirão sem torneira, agora já repleto do mosto.

Vamos agora ter que lavar rapidamente o caldeirão com torneira.

Primeiro retire do fundo do caldeirão com torneira, todo o malte que foi usado para a obtenção do mosto (cuidado que o mesmo ainda deverá estar quente).

Lave o caldeirão com torneira, normalmente não é preciso usar sabão para tanto, use uma esponja de limpeza e água, mantenha a bazooka instalada no caldeirão.

Uma vez lavado o caldeirão com torneira, passe o mosto do caldeirão para o caldeirão com torneira.

Faça a transferência devagar, repare que mesmo tendo sido “filtrado”, ainda assim existirá uma “borra, resíduo” de malte no fundo do caldeirão, evite transferir este resíduo para o caldeirão com torneira (jogue a “borra, resíduo”) fora, (deve ser uma quantidade muito pequena de mosto que se vai perder).

O próximo passo da confecção de nossa cerveja artesanal, consiste em rapidamente após a completar o retorno o mosto ao caldeirão com torneira, colocar o mosto para ferver ( Figura 10).

Figura 10

Esta fervura deverá ser realizada em um fogão convencional (a gás) e não no fogão elétrico.

Esta fervura deverá ser em fogo médio a alto (vai depender do fogão a gás que estiver sendo usado, porém a fervura deverá ser intensa, normalmente isto é impossível de ser feita no fogão elétrico, que normalmente não tem potência para atingir este grau de fervura).

Importante – tome cuidado com o ajuste da potencia do fogão a gás, para que ao levantar fervura o mosto não transborde do caldeirão.

Agora pegue sua balança eletrônica e separe e pese separadamente as quantidades de cada tipo de lúpulo usadas na receita da cerveja.

Após o mosto começar a ferver, coloque o primeiro lúpulo indicado na receita no mosto, e mexa o mosto até que o lúpulo se dissolvam vide figura 11.

Figura 11

Lembre-se que o processo de fervura total deve ser feito por 1 hora, e quando faltarem 10 minutos para o término do tempo de fervura, acrescente o segundo lúpulo da receita, misture com a pá de cervejeiro.

Importante – durante o processo de fervura em fogo alto/médio no fogão a gás, há uma evaporação significativa da água que compõe o mosto, o volume desta evaporação pode variar dependendo da potencia do seu fogão a gás.

Assim sendo a quantidade final do volume do mosto que você vai obter, vai variar, muito provavelmente a quantidade final de mosto ficará entre 3,5 a 4,5 litros.


Entenda o que foi feito nesta etapa do processo -

Ao ferver o mosto por 1 hora, ocorre uma evaporação significativa da água, o mosto restante vai se tornar mais consistente e denso.

Nesta receita você usou 2 tipos de lúpulo.

O primeiro lúpulo vai dar aquele amargor característico a específico a cerveja, o segundo lúpulo, além de acrescentar um distinto amargor por ser colocado mais ao fim da fervura vai também dar um aroma específico a sua cerveja.

O lúpulo também tem propriedades bacteriostáticas, ou seja, ela evita a proliferação de bactérias na cerveja.

Como estamos usando o lúpulo na forma de grânulos secos, é necessário submete-lo a fervura intensa para que as propriedades do lúpulo possam ser extraídas e passadas ao mosto, e portanto à nossa cerveja.

Dica – Enquanto é feita esta 1 hora de fervura, aproveite e pese a quantidade de fermento a ser utilizada pela receita

A seguir vamos “acordar” o fermento, para tanto -

Ferva 50 ml de água mineral.

Sanitize sua na jarra medidora (lembre-se que a sanitização consiste em mergulhar a jarra medidora em uma solução de água potável ao qual foi previamente adicionado cloro, aguardar uns 10 minutos e a seguir, escorrer rapidamente em água potável ).

Coloque os 50 ml de água previamente fervida, na jarra medidora sanitizada, a seguir coloque a jarra medidora em um recipiente maior com água gelada e aguarde até que a temperatura dos 50 ml de água abaixo dos 24º graus. (o ideal é 20º a 22º).

Quando isto acontecer, nela coloque suavemente a quantidade de fermento que você acabou de pesar.

Agite levemente a solução, cubra a jarra medidora com uma tampa ou pires e a deixe descansar enquanto a fervura do mosto se realiza, evitando fonte de calor e luz forte.

Com este processo, estamos “acordando” o fermento, que usaremos em uma próxima etapa da fabricação de nossa cerveja.

Após terminada o tempo de fervura de 1 hora de nosso mosto, segue outra parte crítica da nossa fabricação de cerveja.


Resfriamento do mosto -


Uma vez terminada o processo de fervura intenso do mosto, é preciso resfriá-lo rapidamente, baixando-se a temperatura do mosto para 20º a 24º graus centígrados.

É importante que se faça este processo de resfriamento o mais rápido possível, para que não haja tempo de uma eventual proliferação de bactérias ou outros micro-organismos no mosto.

Atenção – deve-se tomar cuidado com o manuseio do caldeirão com torneira, pois tanto o caldeirão quanto o seu conteúdo começarão o processo bastante quentes, cuidado para não de queimar.

Existe um utensílio, especificamente criado para facilitar o resfriamento do mosto, este equipamento é chamado de “Chiller”, vide figura 12.

Figura 12

Nós não recomendamos aos nossos cervejeiros iniciantes o uso deste aparelho, notadamente pelo alto consumo de água que o mesmo vai exigir.

O “Chiller”, consiste em um cano em espiral, cujas extremidades são acopladas a 2 mangueiras, uma mangueira serve de entrada de água e a outra para saída de água.

O “Chiller” (prviamente sanitizado) é colocado dentro do mosto quente, a mangueira de entrada de água é ligada a uma torneira e a mangueira de saída é posta em um ralo.

Abre-se então a torneira, a água fria ao passar pelo corpo do “Chiller” (cano em espiral), vai através da troca de calor esfriar o mosto.

Infelizmente, a quantidade de água que literalmente vai para o ralo, não é pouca, e não é algo ecologicamente correto, nos dias atuais em que todos devemos economizar água.

Sugerimos 2 métodos alternativos para resfriamento -


O primeiro método alternativo para podermos resfriar rapidamente o mosto, consiste em usar gelo e água gelada.

Na prática, você precisa arranjar uma recipiente suficientemente grande onde possa ao mesmo tempo colocar uma quantidade significativa de gelo e água gelada e neste recipiente colocar o caldeirão com torneira.

Uma alternativa é fazer esta operação na pia da cozinha. (a pia da cozinha precisa  de uma boa tampa que retenha a água, deverá estar em boas condições para aguentar o peso do caldeirão com mosto, além da água e gelo a ser utilizado, por favor verifique)

Quanto maior a quantidade de gelo e água gelada mais rápido será o processo de resfriamento, após iniciar o processo, monitore de 10 em 10 minutos a temperatura do mosto (com o termômetro cervejeiro devidamente sanitizado) , e com uma pá o colher de cervejeiro (devidamente sanitizada) mexa o mosto, que deverá baixar de temperatura até atingir os 20º a 24º graus centígrados

Sem dúvida continuamos gastar água, mas certamente bem menos do que se usássemos o “Chiller”.

IMPORTANTE – Para realizar este processo com sucesso, programe-se preparando com antecedência o gelo que será necessário nesta operação, uns 10 quilos de gelo e uns 4 litros de água gelada devem dar conta do esfriamento (vai depender muito do recipiente onde você, realizará a operação, como sugestão use a pia a cozinha).


O segundo método alternativo para podermos resfriar rapidamente o mosto, consiste em usar “gelo gel artificial reutilizável (existem embalagens 200 a 1000 ml), vide figura 13.

O gelo artificial reutilizável, para quem não conhece, consiste em produtos químicos especiais embalados em recipientes plásticos.

Estes recipientes plásticos devem ir ao freezer ou congelador, os produtos químicos retém o frio.

Esta talvez seja a solução mais ecológica, pois vai se usar um mínimo de água e o gelo artificial é reutilizável inúmeras vezes.

Figura 13


Na prática, você precisa arranjar uma recipiente suficientemente grande onde possa colocar caldeirão com torneira.


Uma alternativa é fazer esta operação na pia da cozinha.(a pia da cozinha precisa  de uma boa tampa que retenha a água, deverá estar em boas condições para aguentar o peso do caldeirão com mosto, além da água e gelo reutilizável a ser utilizado, por favor verifique)

Uma vez colocado o caldeirão na pia da cozinha, coloque as várias embalagens de gelo reutilizável, na pia e encha a pia com água (ajeite o melhor possível o gelo reutilizável).

Quanto maior a quantidade de embalagens de gelo artificial você puder utilizar, mais rápido será o processo de resfriamento, após iniciar o processo, monitore de 10 em 10 minutos a temperatura do mosto e com uma pá o colher de cervejeiro devidamente sanitizada, mexa o mosto, que deverá baixar até atingir os 20º a 24º graus centígrados.

Sem dúvida continuamos a gastar água, mas certamente bem menos do que se usássemos o “Chiller”.

IMPORTANTE – Para realizar este processo com sucesso, programe-se preparando o gelo artificial com antecedência (lembre-se você vai ter que estocar estas embalagens no seu freezer ou congelador).

Normalmente que será necessário nesta operação, uns 6 a 10 embalagens gelo artificial (se possível use embalagens de 500 ml) devem dar conta do esfriamento (vai depender muito do recipiente onde você, realizará a operação, como sugestão use a pia a cozinha).

OBS- em termos práticos a quantidade de água na pia se atingir ao menos 1/3 a ½ da altura do caldeirão com torneira já será suficiente para realizar o processo de resfriamento.

Preparação da Fermentação – Uma vez resfriado o mosto, transfira o mosto para o balde fermentador.

Para tanto, coloque o caldeirão com torneira em uma superfície alta, de forma a poder acomodar debaixo da torneira o balde fermentador, deixe o mosto descansar uns 3 minutos, para que o resíduo de lúpulo fique assentado no fundo do caldeirão.

Abra aos poucos e somente um pouco a torneira do caldeirão, transferindo assim o mosto para o balde fermentador.

Faça esta transferência com calma, sem pressa, para que o mínimo do resíduo do lúpulo seja transferido com o mosto que está sendo transferido para o balde fermentador.

Vá olhando dentro do caldeirão com torneira, e feche a torneira que o resíduo do lúpulo, tender a ir para o balde fermentador (ok, vamos perder um pouco do nosso precioso mosto, que ficará no fundo do caldeirão com torneira, faz parte do processo).

Pegue agora o jarro medidor contendo o nosso fermento cervejeiro.

Antes de transferir o fermento, agite delicadamente o conteúdo do jarro medidor, de forma a dissolver o fermento que deve estar parado no fundo do jarro medidor.

Vamos agora despejar delicadamente todo o fermento do nosso jarro medidor, dentro do mosto que, está no balde fermentador.

Não é preciso misturar o fermento, basta despejá-lo no balde fermentador, vide figura 14.

Figura 14

Isto feito vamos fechar hermeticamente o balde fermentador, vide figura 15.


Figura 15

Por último vamos colocar o airlock na tampa do balde fermentador, lembre-se basta encaixá-lo no furo existente no balde fermentador.

Este furo deve conter um anel de borracha, para que o encaixe do airlock se faça de forma hermética, vide figura 15.

A função do airlock é de deixar que o ar produzido pelos micro-organismos saia do balde fermentador, mas que o ar do meio externo não possa entrar e contaminar o mosto, que vai fermentar e virar nossa cerveja artesanal.

Importante – O airlock deve ser preenchido com água, no máximo preencha com água até a metade da capacidade do airlock.

Figura 16

Figura 17

Agora é hora de colocar o balde de fermentação em um lugar fresco e ao abrigo da luz direta.

Procure deixar em um local onde a temperatura do meio ambiente seja o mais aproximado possível das condições que são ideais para o tipo/marca de fermento que você comprou e está usando.

O processo de fermentação deve durar 7 dias, neste período evite de movimentar o balde fermentador.

Dica - Uma indicação de que o processo de fermentação está acontecendo de forma adequada, é a movimentação (lenta e gradativa) observada, da campânula que está dentro do airlock, esta movimentação deve acontecer depois de umas 8 a 12 horas que a mistura foi feita e o balde de fermentação fechado, e esta movimentação vai aos poucos diminuindo até cessar por completo.


Importante Existem várias marcas e tipos de fermentos, para o iniciante a dica que damos, é que o mais importante ao comprar um fermento, procure a indicação da temperatura ideal para o uso do mesmo, (todas as embalagens indicam a temperatura ideal para o fermento em questão), escolha sempre um fermento cuja temperatura ideal de uso, seja o mais aproximado da temperatura ambiente da estação do ano e do lugar onde você vai deixar o balde de fermentação.

O fermento é composto de micro-organismos vivos.


Se a temperatura ambiente em que o balde fermentador for colocado, durante a fase de fermentação fizer com que a temperatura do mosto que está sendo processado, fique muito acima ou muito abaixo da temperatura ideal para o fermento ele pode “morrer”. interrompendo o processo de fermentação e vir a estragar o mosto, que não se transformará em uma cerveja.


Entendendo da etapa de fermentação


Na etapa de fermentação o “fermento que adicionamos” (na realidade são micro-organismos vivos), que vão crescer e se reproduzir na mistura (nosso mosto), transformando o mosto (composto basicamente de açucares) em álcool , criando a nossa cerveja artesanal.

Durante o processo de fermentação se completa o ciclo de vida destes micro-organismos.

Respiração – nesta primeira fase os micro-organismos se fortalecem para poder se procriar e se alimentar de açucares.

Fermentação – nesta fase os micro-organismos se alimentam dos açucares, e como resto desta alimentação criam o álcool.

Os micro-organismos nesta fase costumam estar em suspensão .

Sedimentação – agora a medida que os açucares vão acabando, os micro-organismos dão por encerrada mais uma fase do seu ciclo de vida.

Os micro-organismos sedimentam indo para o fundo do balde fermentador e entram em fase de dormência.

O prazo para que os micro-organismos consigam processar todo o volume de açúcar existente no nosso mosto e transformá-lo em álcool é de 7 dias, dai a necessidade de aguardarmos 7 dias para que o processo de fermentação se dê por encerrada.


Prezado leitor(a), chegamos aqui ao término de mais um post sobre a fabricação de sua cerveja artesanal.

Este capítulo é talvez o mais importante e também o mais complexo, pois dentro dele se resume as etapas fundamentais da produção da cerveja.

Leia e se for o caso releia com atenção este capítulo, até que tenha certeza de ter aprendido os detalhes desta etapa da fabricação da sua cerveja.

Esperamos vê-lo em breve no próximo post, quando estaremos um pouco mais perto de finalizar todo o processo de fabricação de sua cerveja artesanal.

Até breve então!


















sábado, 12 de junho de 2021

Aprenda a fazer cerveja artesanal em casa ou o passo a passo fácil de seguir - Parte 3

 


4

Insumos e descartáveis para a fabricação da cerveja

Suas funcionalidades


Neste post, vamos analisar a nossa lista de Insumos e Descartáveis, que serão usadas na fabricação de sua cerveja artesanal.


Nome do Insumo

Preço estimado em reais

Tampinhas metálicas (+- 100 unidades)

R$ 8,50 a R$ 16,00

Garrafas (300 ml ou 600 ml)

R$ 1,90 a R$ 2,50

Sanitizante (ácido paracético 300 gr ou Cloro litro)

R$ 60,00 embalagem 300 gr

R$ 1,80 a R$ 4,00 o litro

Sabonete bactericida

R$ 3,50 a R$ 4,20


Tampinhas para garrafa de cerveja – No mercado são encontradas tampinhas multicoloridas e também decoradas (figura 1), escolha as de sua preferencia.

São todas do mesmo tamanho e servem para garrafas de cerveja sejam elas de 300 ml ou 600 ml.

O equipamento atarrachador, já vem preparado para a utilização das mesmas.


Figura 1


Garrafas para embalagem de cerveja – mantenha um estoque de garrafas do tamanho que preferir, sejam elas de 300 ou 600 ml, de forma que a soma do conteúdo das diversas garrafas seja suficiente para acomodar a nossa escala de produção de cerveja (lembre-se vamos trabalhar com algo entre 3,5 a 4,5 litros de cerveja).


Por exemplo se produzirmos 3,5 litros de cerveja, precisaremos de 12 garrafas de 300 ml ou 6 garrafas de 600 ml.


Ao invés de comprar garrafas novas, você pode sem problema algum, aproveitar garrafas de cervejas comerciais que você tiver comprado e já consumido.


Dica – Embora você possa trabalhar usando diferentes tamanhos de garrafas para engarrafamento de sua produção, procure trabalhar usando um conjunto de garrafas do mesmo tamanho.


A razão para isto é que alguns modelos de populares de arrolhadores (como o da figura 2), precisam ser ajustados a cada vez que se troca de tamanho da garrafa a ser arrolhada.


Figura 2

Sanitizante – a produção de qualquer alimento, necessariamente implica que especial atenção seja dada a higiene, de todos os utensílios utilizados no processo de produção.


Esta higiene implica primeiro na atenção à limpeza de todos os utensílios, os quais devem ser sempre lavadas com água potável e detergentes que retirem eventuais resíduos das matérias-primas utlizadas.


Na produção de sua cerveja, é necessário um cuidado adicional, o de sanitizar todos o utensílios, a sanitização é um processo que visa a redução do número de micro-organismos patogênicos (notadamente bactérias).


Existem vários produtos que podem ser utilizados para a sanitização dos utensílios, entre elas podemos destacar -


Ácido Paracético e o Cloro.


O ácido paracético, costuma ser vendido como PAC 200, vide figura 3, vem no formato de pó.


Este pó deve ser misturado em água potável na proporção de 1 grama por litro de água (confira instruções do fabricante antes de usar), completamente dissolvido, os utensílios devem ser mergulhados nesta solução por no mínimo 10 minutos.


Figura 3


Cloro (água sanitária), é outro produto que pode ser usado na sanitização dos utensílios, vide figura 4, no mercado são encontradas várias marcas do produto.


Figura 4

Para sanitização os utensílios usando o cloro, o mesmo deve ser adicionado a água potável, segundo a especificação do fabricante (normalmente 1 a 2 colheres de sopa por litro de água), a seguir mergulham-se os utensílios pelo tempo recomendado pelo fabricante da água sanitária (normalmente no mínimo 10 minutos).


Uma vez retirados da solução sanitizante, escorrer os utensílios com água potável.


IMPORTANTE – como todo produto químico, deve-se tomar as precauções indicadas pelo fabricante, e manter os mesmos longe de animais de crianças.


Dica 1 – sanitizar os utensílios, basicamente consiste em mergulhar os mesmos em uma solução sanitizante por cerca de 10 a 15 minutos.


A sanitização é uma operação importantíssima pois ela garante a eliminação de micro-organismos indesejáveis, que possam por em risco a qualidade da cerveja a ser produzida.


Lembre-se na fabricação de alimentos e bebidas limpeza e higiene é fundamental.


Dica 2 - tendo em vista que vários litros de soluções sanitizados serão necessárias para a sanitização dos utensílios (garrafas, baldes de fermentação etc..), após os mesmos terem sido utilizados nos utensílios, elas ainda podem ser usadas para a limpeza de sanitários e outras instalações domésticas.

Assim estaremos evitando o desperdício deste nobre recurso que é a água.


OBS- dentre os produtos de sanitização, pela sua praticidade e economia, nós particularmente damos preferência ao uso do cloro.


Sabonete Bactericida – antes de começar o processo de fabricação de sua cerveja artesanal, de manipular os materiais e utensílios, sempre é bom lavar bem as mãos, preferencialmente com sabonete bactericida.


Existem várias marcas disponíveis que podem ser encontradas em supermercados e farmácias, vide figura 5.


Figura 5

Terminamos aqui, o capítulo sobre os insumos e descartáveis, avançando assim mais um pouco no nosso curso de fabricação de cerveja artesanal.


Abordamos coisas simples, mas que são indispensáveis.



Matérias primas, descrição de funcionalidades


Este capítulo é sem dúvida um dos mais importantes do nosso curso, demandando de você candidato a cervejeiro artesanal especial atenção.


As matérias-primas que usaremos na fabricação de nossa cerveja artesanal são, a água, o malte, o lúpulo, o fermento, a glucose de milho.


Podemos fazer cerveja com outros ingredientes, mas estes serão os ingredientes básicos e tenha certeza que nada mais será preciso além disto.


Por emquanto não se preocupe com a quantidade destas matérias-primas que você vai precisar comprar, elas serão definidas pela(s) receitas que usaremos para fabricar nossa cerveja artesanal

Felizmente os fornecedores permitem que as matérias-primas sejam compradas, de acordo com a escala de produção que se vai fazer, seja você um iniciante, que como nós, vamos fazer algo em torno de 3,5 a 4,5 litros de cerveja, ou para quando você for um cervejeiro artesanal “empolgadão” e experiente, que faz lotes de 50 litros de cerveja artesanal por vez.


Existem dezenas de tipos de malte, lúpulos e fermentos diferentes, sem falar nas diferentes propriedades quimicas da água a qual depende da região onde é obtida.


A receita de uma cerveja nada mais é do que uma fórmula que engloba (define), diferentes proporções de tipos de malte ou maltes, lúpulos, fermento e água.


Uma mesma receita pode ainda resultar em cervejas bem diferentes, dependendo das temperaturas e ou tempos usados pelo cervejeiro durante as diferentes etapas de fabricação.


Conclusão, embora sejam poucas a matérias-primas usadas na fabricação de uma cerveja, são infinitos os resultados finais que podemos obter em termos de nosso produto final, a nossa cerveja artesanal.


A seguir vamos analisar a funcionalidade de cada uma destas matérias-primas.



A água - o ingrediente mais abundante na produção da cerveja é a água potável.


Para fabricar sua cerveja artesanal procure usar água mineral.


Se não for possível usar água mineral, e for usar água potável de torneira, use um filtro ou purificador que retire o cloro que foi usado em seu tratamento.


A qualidade da água certamente pode afetar a qualidade final da cerveja, mas em termos práticos, normalmente qualquer agua mineral garante uma boa cerveja.


Com o tempo e como refinamento, no futuro você cervejeiro talvez se de ao luxo de definir uma água mineral específica, como a melhor para a “sua cerveja”.



O malte – o malte é um produto que resulta de um tratamento ao qual a cevada (e alguns outros cereais) é submetida (trata-se de uma germinação artificial e controlada e posterior secagem).


Os grãos de malte para serem empregados na fabricação de cerveja, não podem estar em seu estado natural, ou seja inteiros.


Também não pode ser usado na produção de cerveja, se estiver moído em nível de farinha ou pó.


Para a fabricação de nossa cerveja artesanal, os grãos precisam estar levemente triturados.


Como já vimos anteriormente, o moinho moedor, justamente serve para triturar adequadamente os grãos do malte (lembrando mais uma vez que nunca ao nível de uma farinha ou pó).



Figura 6

Na figura 6 podemos ver diferentes tipos de malte ainda na forma de grãos.


Figura 7

Na figura 7, podemos ver um prato de malte já “processado pelo moinho moedor”, pronto para uso na fabricação da sua cerveja artesanal.

Figura 8

Já na figura 8, vemos em maior detalhe, os mesmos grãos devidamente triturados, importante, observe que não estão reduzidos nem a nivel de farinha nem de pó.


Como já sabemos existem inúmeros tipos de maltes, cada tipo dará um sabor, cor, fragância diferenciada a cerveja.



O lúpulo – o sabor levemente amargo e característico que sentimos ao tomar uma cerveja, é obtido através do lúpulo nas receitas das cervejas.


O lúpulo é a flor de uma trepadeira (humulus lupolus), vide figura 9

Figura 9

Atualmente o lúpulo costuma ser comercializado de forma industrializada, no formato de “pellets” (grânulos), vide figura 10.



Figura 10

Vendido embalado em envelopes hermeticamente fechados, vide figura 11, o que permite a conservação das características originais das flores de lúpulo, com a vantagem de facilitar o seu transporte e conservação por longos períodos de tempo.



Figura 11

A quantidade de lúpulo usada na maioria das receitas de cerveja é pequena, em comparação ao uso do malte, normalmente na razão de apenas algumas gramas.


Existem muitos tipos de lúpulos, cada qual dando uma característica própria e particular à cerveja a qual ela for adicionada.



O fermento – na fabricação de nossa cerveja artesanal, é utilizado um processo denominado fermentação alcoólica.


A fermentação alcoólica é um processo biológico que usa micro-organismos vivos, os quais ao serem acrescentados ao mosto (como veremos em capítulos futuros, é mistura rica em açucares), se alimentam dos açucares expelindo como resultado metabólico álcool.


O fermento então é um ser vivo (micro-organismo).


Ao longo do tempo, vários tipos de fermento foram sendo desenvolvidos (o se preferirem selecionados), cada qual com características próprias, no tocante a quantidade (teor) e qualidade do álcool que são capazes de produzir.

Bem como de em quais ambientes, vivem melhor (especialmente levando em conta a temperatura ambiente do mosto onde serão colocados).

Atualmente os diversos tipos de fermentos cervejeiros, são vendidos em pequenos envelopes fechados hermeticamente, vide figura 12.

Figura 12


Importante – existem muitas marcas e diferentes tipos de fermentos, quando você for adquirir um fermento é muito importante verificar na sua embalagem, a temperatura ideal para uso do mesmo.

Lembre-se que são micro-organismos vivos, cada qual adaptado para viver em um meio ambiente (o mosto que você produziu), a uma determinada temperatura.


Então dependendo das temperaturas da região em que você mora, e da estação do ano em que você estiver fazendo sua cerveja um tipo e marca de fermento, vai se adaptar melhor ou pior a produção de sua cerveja.

Lembre-se de que a fermentação será feita colocando-se o mosto em um balde de fermentação.

Por exemplo, existem fermentos que “trabalham” (ou seja vivem) melhor a temperaturas de 24 a 28 graus Celsius.

Assim sendo, se quando você estiver fazendo sua cerveja, for inverno e as temperaturas ambientes onde você for fazer sua fermentação forem por exemplo de 17 a 20 graus, o fermento acima citado não será o ideal, você deverá procurar um fermento que trabalhe melhor em ambiente mais frio.

Ou então terá que fazer a fermentação da sua cerveja (manter o balde de fermentação) em um ambiente aquecido próximo ao intervalo de 24 a 28 graus.

O processo de fermentação será visto em detalhes em próximo capítulo, por isto se as coisas não ficaram ainda muito claro para você não se preocupe.



Glicose de milho – com a textura de um xarope, este açúcar de milho, é o que você empregará para gerar o “gas” (fazer a carbonatação) da sua cerveja.

A marca mais tradicional no mercado nacional é conhecida pela marcas Karo sendo também comercializado pela Yoki, e pode ser achado em supermercados, atacadistas, lojas que comercializam produtos para a fabricação de doces e bolos, vide figura 13.



Figura 13

Embora a glicose de milho possa ser encontrado em forma de pó, aconselhamos o uso na forma de xarope, pois é mais adequada ao preparo da nossa cerveja artesanal.

Não se preocupe em um próximo capítulo veremos o que é e como fazer a carbonatação de sua cerveja artesanal.



Onde comprar utensílios e matérias-primas para fabricar sua cerveja.



Existem centenas de lojas virtuais e lojas físicas dedicadas a venda de insumos para a produção de cerveja espalhadas pelo Brasil afora.

Uma pesquisa na internet e você certamente terá uma perto de sua residência.

A compra pela internet ou atráves da visita a uma loja física é uma escolha pessoal (ou as vezes não agora em época de pandemia).



Dica 1 – muitas das empresas que comercializam produtos para fabricação de cervejas artesanais, também oferecem cursos (que normamente não são tão baratos assim), se descobrirem que você é um novato, é muito provavel que “vão querer de empurrar um curso” e se possível todo material do curso.

Não que não existam bons cursos por aí, mas se você acompanhar o passo a passo do material deste nosso curso, você certamente aprenderá a fazer a sua cerveja artesanal, e poderá aplicar o dinheiro que iria pagar pelo curso, comprando a maioria dos utensílios.

Seguindo nosso curso, você aprende no conforto do seu lar, em caso de dúvida reve a matéria quantas vezes for necessário, faz tudo no seu tempo e a seu tempo sem pressa e acredite não paga nada por isto.


Dica 2 – para fabricar cerveja artesanal, você verá que precisará comprar várias materias primas que são importadas, o malte e notadamente o fermento e o lúpulo.

O problema é que não costuma haver muita regularidade de marcas e tipos das matérias-primas, justamente devido a serem estes produtos importados.

De repente você acha agora uma marca e tipo de fermento XXX, e o mês que vem ao procurar esta marca XXX ela simplesmente “sumiu do mercado”.

De repente agora você achou o malte HHHH vindo da Alemanha, e no mês seguinte ela também sumiu do mercado.

Ou então você acha o produto da marca e tipo que procura, só que o fornecedor está cobrando 50% a mais pelo produto do que você pagou na sua última compra.

Esta é uma realidade com a qual você vai ter que conviver.

Na verdade, acaba que a gente como bom brasileiro “dá um jeitinho em tudo”.

Com relação ao malte, no início costumava comprar maltes importados (são bons sem dúvida), mas eu particularmente sou fã das cervejas tipo “pilsen e pale” e para minha felicidade, existe malte nacional para a fabricação desta cerveja. (procure por Malte Agrária Nacional)

E acreditem, dá para fazer um excelente cerveja artesanal usando malte nacional (juntei o bom ao barato) e ainda por cima sempre encontro ela a venda.

Já com relação ao lúpulo e especialmente ao fermento, a gente depende do produto importado, então somos mesmos obrigados, vira e mexe a usar o produto YYY, quando estavamos procurando a XXX.

O ruim que então a nossa receita preferida de cerveja, acaba mesmo é virando um outra receita.

O bom que assim acabamos inventando uma nova receita, que de repente é uma excelente receita !!!

Apenas a título de exemplo tres sites onde você poderá comprar, utensílios e matérias-primas para a fabricação de usa cerveja artesanal, além do mercado livre onde milhares de produtos poderão ser adquiridos via e-comerce

https://www.mercadolivre.com.br/

https://www.cervejaartesanal.com.br/

https://valbier.com.br/

https://www.brewheadshop.com.br/

    

Chegamos ao fim de mais um capitulo de nosso curso de cerveja artesanal, no próximo post vamos começar a colocar a mão na massa ou melhor na cerveja, se até lá, você já tiver adquirido seus utensílios, estará bem mais perto de tomar a sua própria cerveja artesanal.